Projetos Realizados em 2010

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APRESENTAÇÃO:
                                                                                        
                                                   
A Reforma Psiquiátrica é um tema que vem sendo debatido freqüentemente nos dias de hoje. Isso é devido em parte pela promulgação da Lei 10.216 conhecida como Lei PAULO DELGADO que legitima as reformas garantidas pela Constituição Federal e em parte pela idéia que temos de saúde que privilegia a intersetoriedade.
                                                   
Na III Conferência Nacional de Saúde Mental (2002) foram elaboradas propostas e estratégias para efetivar e consolidar um modelo de atenção em saúde mental totalmente substitutivo ao modelo asilar/hospitalocêntrico. Dentro do modelo hospitalocêntrico de intervenção em Saúde mental, ainda em vigor no Estado do Amazonas, há uma perda se não total mas parcial da cidadania, um processo de exclusão social, chegando em muitos casos ao abandono social e familiar, muitos ficaram e ainda estão confinados em hospitais psiquiátricos, prisioneiros pelo crime da desrazão.

De acordo com o novo modelo assistencial o conceito de saúde é compreendido como processo e não mais com ausência de doença, este conceito está dentro da perspectiva de produção de qualidade de vida, enfatizando ações integrais e promocionais de saúde. Dentro das diretrizes desse novo modelo de saúde está a definição de uma política intersetorial para atendimento articulando ações de saúde, educacional, cultural, assistência social, poder judiciário. Portanto, todos os setores da assistência tem seu papel no processo de reforma psiquiátrica e na re - inserção social do portador de sofrimento psíquico.

            O presente projeto, com iniciativa da Associação amazonense de saúde mental Leseira Baré, apresenta iniciativas de atividade envolvendo a geração de renda em economia solidária e saúde mental com o objetivo de inserir os portadores de transtornos mentais ao convívio social.

JUSTIFICATIVA
               A cidade de Manaus conta com aproximadamente 2.006.010 (dois milhões e seis mil e dez) habitantes. Entre os postos de tratamento e acompanhamento para portadores de transtornos mentais, há os serviços de apenas dois CAPS II e o Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro (CPER), principal referência do Estado do Amazonas nesta modalidade de atendimento.

O Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro- CPER, abriga atualmente quarenta e nove  (49) pacientes em regime asilar. Realiza em todo o seu complexo, em torno de sessenta e oito mil (68.000) atendimentos ao ano, segundo estatística de 2009.  Os três complexos que compõe a instituição são: a Internação Prolongada, onde há pacientes habitando em regime asilar, alguns estão há mais de 20 anos. O Pronto Atendimento (PA), no qual o paciente fica até 72 horas por ocasião do ensurtamento psicótico, com o desdobramento para Internação Breve para aqueles que ultrapassaram esse período, ficando muitas vezes até 30 dias ou mais. E o ambulatório Rosa Blaya que atende pacientes em regime de consultas, fazendo um total de cinco mil (5.000) atendimentos por mês, segundo estatística de 2008.

                Muitas pessoas portadoras de transtorno mental que freqüentam o ambulatório do CPER vêm de uma família com poder aquisitivo baixo. Em muitos casos não conseguem escolarizar-se ou desenvolver atividades laborativa, além do isolamento social que em geral são acometidas. Isto ocorrendo devido a condição do próprio transtorno mental que ele apresenta e pelo preconceito social. Tornando-se, então, um peso tanto econômico quanto emocional para a família.

O tratamento na instituição psiquiátrica muitas vezes não oferece as condições necessárias para o processo de inserção social, apenas a manutenção para o não ensurtamento, entretanto observamos que esta frágil “normalidade” pode ser tão alienante quanto as crises no qual o portador é acometido. Neste contexto os portadores de transtorno mental seguem a margem a uma sociedade que os ignora, atravessam as ruas da cidade construindo dentro de si uma grade invisível, onde não há para onde seguir, apenas cumprem trajetórias, fingindo uma normalidade que é suposta.

Acrescentamos a este quadro uma reforma psiquiátrica que caminha a passos tímidos, com pouco diálogo entre a comunidade assistida, a comunidade acadêmica e os gestores; uma alienação social sobre temas relativos à loucura; a demanda reprimida que , todos os dias,  retorna para casa sem possibilidade de uma assistência em saúde mental adequada. O que se desdobra num quadro de sucateamento da reforma psiquiátrica no Amazonas.

               Diante disso, a Associação em Saúde mental Leseira Baré tem desenvolvido atividade de incentivo as oficinas numa perspectiva de economia solidária realizadas no Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro junto a usuários, familiares, comunidade acadêmica, no intuito de manter o funcionamento das mesmas, desde 2007.

               A sustentabilidade dos projetos a baixo discriminados acontecem a partir de: eventos cunho pedagógicos e socais realizados para arrecadação financeira, venda de produtos confeccionados nas oficinas, vendas diárias de lanches em lanchonete instalada nas dependências da instituição psiquiátrica, vendas de camisetas com temas relativos as oficinas. No ano de 2009, o Ministério da saúde comtemplou com prêmio de R$ 10.000,00 para as oficinas: Inserção social através da arte digital e lanchonete solidari@ção entre amigos.

               Entretanto, essas ações não são suficientes para a sustentabilidade necessária e pretendida pela equipe, em longo prazo. Pois as iniciativas não atingem um maior número de usuários devido ainda estarmos presos num modelo hospitalocêntrico de assistência, envolvendo um número insuficiente de técnicos no processo de oficinas terapêuticas e profissionalizantes. E por fim, o atraso na reforma psiquiátrica no Estado do Amazonas, reflete a dinâmica  institucional engessada.


OBJETIVOS GERAIS:
Integrar ações de saúde mental nas áreas de cultura e geração de renda dentro da perspectiva da economia solidária, envolvendo portadores de transtorno mental, familiares, comunidade, sociedade civil e instituição psiquiátrica.

Objetivos específicos:
1-     Implementar oficinas de cultura e geração de renda.
2-     Favorecer o aprendizado através de oficinas profissionalizante e terapêuticas, estimulando assim o processo de cidadania.
3-     Capacitar portadores de transtorno mental e familiares para desenvolver atividades de geração de renda.
4-     Evidenciar através da produção artística e artigos comercializáveis a capacidade laborativa dos portadores de transtorno mental.
5-     Refletir junto à sociedade novas formas de produção e trabalho.


GRUPO ARTÍSTICO CULTURAL LOUCOZENCENA

Acreditando que a arte e a cultura têm um papel transformador na sociedade e na vida de cada um, que se sente sensibilizado, a equipe de técnicos da instituição optou pela forma de inserção social via a expressão artístico-cultural dos usuários do serviço em saúde mental do CPER. E para tanto, contou com a parceria da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas através do oferecimento produtos culturais, tais como cinema , teatro, aos usuários da instituição, no ano de 2009. Essa atividade culminou na formação do grupo artístico LoucoZencena.

O Grupo LoucoZencena têm com a participação de 10 usuários da instituição psiquiátrica entre freqüentadores do ambulatório e moradores em regime asilar, alem de equipe de técnicos (artistas, psicólogos, artesão) da instituição e voluntários (estudantes de psicologia, cantora lírica). Na coordenação do grupo  está a atriz Socorro ( Koia) Refkalefsky com  experiência de vinte e cinco anos de trabalho na instituição psiquiátrica

A equipe se reúne duas vezes por semana em formato de oficina de sensibilização, canto, interpretação, respiração, trabalhos corporais, fotografia. O grupo analisa propostas de apresentações locais, possuindo já uma agenda para o ano de 2010. Assim como tem ganhado destaque na mídia através de reportagem de jornal e entrevista em canal de televisão local.

Os participantes que vinham numa trajetória de cronificação do quadro de transtorno mental através de consecutivas reinternações ou até mesmo pelo próprio processo de exclusão que o regime asilar impõe, apresentam ao longo do ano de 2010:  uma significativa estabilização do quadro; engajamento no trabalho do grupo LoucoZencena; e preocupação maior com o próprio tratamento.

Objetivo geral: Promover a inclusão social de usuários do serviço em saúde mental, utilizando a linguagem artística e cultural, e desta forma sensibilizar a sociedade nos temas relativos à reforma psiquiátrica.

Objetivos específicos:
-Despertar o interesse dos usuários do serviço em saúde mental para as artes: teatro, música e artes plásticas.           
-Desenvolver as habilidades dos usuários nas várias linguagens artísticas: teatro,  , música e artes plásticas.
-Criar espaço para exposição e apresentação dos trabalhos realizados pelos usuários do serviço de saúde mental através de oficinas, sendo esta itinerante pelo Estado do Amazonas.

LANCHONETE SOLIDÁRI@ÇÃO ENTRE AMIGAS

O trabalho de inserção social a portadores de transtornos mentais iniciou no ano de 2008 cursos de capacitação de geração de renda, contou com a parceria do SESI para a capacitação no curso de doces e salgados. Posteriormente, foi implantada a lanchonete no interior do espaço institucional atendendo a comunidade local.
Recentemente, o grupo com parceria do SEBRAE participou do curso Sabor e Gestão promovendo um incentivo maior no processo de empreendedorismo.

OBJETIVO GERAL:
Reinserir o portador de transtorno mental ao convívio social e familiar através da profissionalização para que ele tenha condições de acesso ao mercado de trabalho mediante emprego ou pela organização de cooperativas de trabalho; ao mesmo tempo em que viabilizar ações interventivas junto a comunidade em geral, no sentido de desconstruir o preconceito social sobre os portadores de transtornos mentais.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1-Formar grupo de usuários para participação em oficinas profissionalizantes;
2- Proporcionar cursos profissionalizantes para os participantes;
3- Incentivar atividades profissionalizantes informais que os participantes que já vem praticando discutindo formas de sustentação e/ou ampliação;
4- Criar cooperativas de trabalho envolvendo usuários e  familiares;
5- Assessorar o grupo na implementação e sustentação da cooperativa de trabalho;
6- Informar a comunidade em geral  sobre os resultados das ações da cooperativa contribuindo para a desconstrução do preconceito social sobre o portador de transtorno mental.
OFICINA DE PACHTWORK
                        A oficina em funcionamento desde 2007 com usuários do serviço de saúde mental e familiares por meio de trabalhos manuais. A oficina visa  autosustentabilidade do grupo, pela venda de produtos confeccionados numa perspectiva da economia solidária. O grupo participa de feiras em espaços acadêmicos no qual permite a troca de experiências e diálogo com mercado de consumo.

OBJETIVO GERAL:
Reinserir o portador de transtorno mental ao convívio social e familiar através da profissionalização para que ele tenha condições de acesso ao mercado de trabalho mediante emprego ou pela organização de cooperativas de trabalho; ao mesmo tempo em que viabilizar ações interventivas junto a comunidade em geral, no sentido de desconstruir o preconceito social sobre os portadores de transtornos mentais.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1-Formar grupo de usuários para participação em oficinas profissionalizantes;
2- Proporcionar cursos profissionalizantes para os participantes;
3- Criar cooperativas de trabalho envolvendo usuários e  familiares;

INSERÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA ARTE DIGITAL

            A tecnologia da informática tão presente no nosso cotidiano torna-se um elemento integrante em uma oficina em Saúde Mental desenvolvida no ambulatório público na cidade de Manaus. Esta oficina iniciou com uma parceria entre alunos de Psicologia da FAMETRO e Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro tendo como objetivo promover um espaço de socialização a sujeitos em sofrimento psíquico utilizando a informática como mediador com o mundo, através da internet, abrindo possibilidade de participação em rede social.
            Para o estudante de Psicologia, o desejo de apropriação de novos conceitos e formas de trabalho não se limita ao processo de aquisição intelectual, levando-nos a revisitação subjetiva sobre os modos de cultura e dos elementos históricos que nos constituem enquanto pessoa e profissional.
            A idéia sobre a oficina em Inserção Digital para grupos minoritários não é algo novo nas ações de inserção social. No entanto, a ser destinada a pessoas com sofrimento psíquico toma outro corpo, envolvendo uma pedagogia diferenciada cujo aprendizado só se efetiva via posssiblidade de construção de vínculos entre os  participantes da oficina. O trabalho iniciou-se em fevereiro de 2009, no formato de grupo aberto sendo destinado a usuários jovens. O projeto foi contemplado com prêmio do Ministério da saúde para compra de equipamentos em 2010.

No grupo participam pessoas de 19 a 31 anos, com freqüência irregular de 8 a 10 participantes. A maioria interrompeu os estudos, além de apresentar dificuldades de estabelecer laços sociais. As reuniões na oficina intercalam momentos de apropriação do conhecimento de informática, com navegação na internet, e conversas com a equipe sobre suas experiências no dia a dia, dúvidas sobre o transtorno mental do qual são portadores, assim compartilhando sua experiência. Uma história pode remeter a outra, uma dúvida sobre um transtorno mental, ocasiona uma consulta na internet e leva o participante a falar de sua história, portanto em meio aos delírios, ao déficit cognitivo, a falta de desejo e a inconstância de humor se reconhecem as diferenças, mas não mais excluídas e sim dialogadas. O domínio da informática e internet possibilita aos usuários da oficina a comunicação com grupos ou pessoas na rede virtual, através do Orkut, MSN, Twitter, Email, Blog, etc, assim, rompe com o isolamento social que a sociedade impõem.

A  experiência despertou o interesse de alguns usuários para o aprendizado da informática. Uma relação afetiva entre oficineiros e usuários começa a se esboçar, possibilitando um vínculo de confiança entre os participantes. A experiência da oficina entra no cotidiano dos participantes, estabelecendo novas possibilidades de laços sociais.

A oficina de inserção social através da arte digital se oferece “como outro espaço”, dentro da realidade institucional, proporcionando experiências que estimulem o processo de aprendizagem sobre uma habilidade específica, além de possibilitar experiência de inserção social e ressignificação do sofrimento psíquico.  Em meio aos delírios, ao déficit cognitivo, a falta de desejo e a inconstância de humor se reconhecem as diferenças, mas não mais excluídas e sim dialogadas.


OBJETIVO:
Proporcionar aos usuários do serviço de saúde mental condições de reinserção social utilizando vários recursos da informática, despertando habilidades artísticas e/ou profissionais e inclusão em rede social.

MANHÃS EM SAÚDE MENTAL

            Atividade educativa ocorrendo uma vez por semestre, em datas referentes a reforma psiquiátrica, tais como 18 de maio, 10 de outubro. Com objetivo de integrar ações da rede em assistência a saúde envolvendo comunidade científica, leiga e usuários, ao mesmo tempo que refletir sobre os caminhos da reforma psiquiátrica no Amazonas.
18 DE MAIO DE 2010- Transformar mantendo vivo o direito de quem faz a história
6 DE NOVEMBRO DE 2010- Valorizando ações em saúde mental

CURSO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA E SAÚDE MENTAL
            O trabalho desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Amazonas, contou com a participação da professora Doutora Heloísa Helena Correa da Silva. O curso desenvolvido em módulo com carga horária de 100 horas/aula. Destinado a técnicos da saúde e pessoas envolvidas na rede de economia solidária. Período de Janeiro a maio de 2010.    

Semana Global de Empreendedorismo 2010

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A Associação Amazonense em Saúde Mental Leseira Baré apoia a SGE 2010 com o objetivo de procurar parceiros para difundir a ideia da reforma psiquiatrica e buscar melhorias (incentivos) para desenvolver novos serviços em saúde mental no estado do amazonas.

IV Manhã em Saúde Mental

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Para começar a postagem, podemos dizer:

A IV manhã em saúde mental, realizada no ultimo 06 de novembro, foi um sucesso!

Com um publico estimado em aproximadamente 200 pessoas, o evento reuniu academicos de psicologia e outras areas da saude, usuarios do serviço e interessados no assunto para discutir as politicas atuais em saúde mental, que por sua vez foram abordadas com brilhantismo por parte dos palestrantes.

Uma pequena amostra do nosso público

A Associação Amazonense em Saúde Mental Leseira Baré gostaria de agradecer a todos os empenhados em fazer deste evento um momento de reflexão sobre a situação da saúde mental no amazonas e também abrir uma frente de reinvindicações acerca das melhorias que o serviço ainda clama.

Palestra do Professor John Elton Santos








Agradecimentos em especial para os palestrantes em geral que tornaram este dia possivel e nos atenderam com todo o seu brilhantismo.












...e que venha a V Manhã em Saúde Mental!

 

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